As necessidades e carências das mães e seus bebês que buscam a assistência da Defensoria Pública de Mato Grosso vão muito além dos direitos assegurados em lei. E em muitas situações, estas são muito maiores do que o arcabouço jurídico prevê. A constatação desta dura realidade tocou fundo o coração da defensora pública, Elianeth Gláucia de Oliveira Nazário, responsável pela 8ª Defensoria de Mediação e Conciliação de Direitos e Resolução de Conflitos da Defensoria Pública de Mato Grosso.
Há cerca de seis anos, ela decidiu fazer algo para minorar as agruras dessas mães e crianças que, diariamente, recorrem aos serviços da Defensoria Pública em busca de ajuda para as mais diversas questões relacionadas aos direitos da família, da mulher e das crianças.
A iniciativa voluntária da defensora extrapolou as circunstâncias específicas de seu trabalho profissional e desde então, vem sendo realizada uma ação que é um autêntico manifesto de amor, carinho, desprendimento e superação pessoal. Hoje, Elianeth Nazário cria, costura, monta e doa kits básicos de enxoval para bebês de mães carentes.
“Quando eu tive a ideia de ajudar essas mães, nem sabia costurar. Mas, aproveitei um feriado de carnaval para aprender com uma amiga costureira e comecei a fazer as primeiras peças para casa. Depois, comprei uma máquina de costura e com o tempo, fui praticando, aprimorando, aprendendo, buscando conhecimento na internet. Há seis anos, faço essas roupinhas e paninhos para doar às mães carentes e seus bebês”, narra a defensora, com a voz carregada de emoção e entusiasmo.
O trabalho voluntário realizado pela defensora é feito fora do expediente e tem um caráter exclusivamente pessoal. Ela explica que não entrega pessoalmente os kits de enxoval para as mães carentes. A ação é feita em parceria com a assistência social de dois hospitais prestam atendimento pelo Sistema Único de Saúde (SUS) na capital. Além disso, as confecções começaram a ser distribuídas pelo movimento Conexão Solidária da Associação Mato-grossense das Defensoras e Defensores Públicos (AMDEP), que atende famílias em situação de vulnerabilidade. “Ninguém sabe que sou eu quem faço as peças. Não tenho nenhum contato com as mães que recebem os kits. Eles são entregues pela assistente social dos hospitais. Tenho muitos amigos dentro da Defensoria que ajudam a distribuir os kits, como Kelly, Adriana, João Paulo”, contou a defensora.
As doações são feitas semanalmente. Em média são distribuídos 12 conjuntos de kits masculinos e femininos entre os dois hospitais. Eventualmente, os kits também são doados para mães carentes que tenham bebês em outras unidades. “Eu sempre tenho algum estoque para alguma situação urgente. Eu gosto de costurar, mas, também monto os kits com peças que compro para doação, especialmente aquelas peças mais complexas de serem feitas como as meinhas, touquinhas e casaquinhos de lã”, ressaltou.
Para a defensora, este trabalho é um modo que encontrou de retribuir a quem precisa pelas boas coisas que ela já possui na vida. “O mais importante para mim é o carinho, o afeto que coloco no meu trabalho. Eu me sinto feliz em fazer isso e poder ajudar. Para mim, servir é algo fantástico. Não é trabalho, é um gesto de gratidão pelas coisas boas que tenho na vida. Eu tenho muito mais do que esperava e muito a agradecer. O que faço não é uma oferta, é meu agradecimento a Deus por tudo que Ele me tem concedido”, explicou a defensora.